sexta-feira, julho 21, 2006

dificuldade relativa



Os videojogos, para além de demonstrarem uma complexidade cada vez mais elevada, a dificuldade inerente a toda a sua funcionalidade encontra-se dependente do potencial dos diversos jogadores. Se em títulos antigos poucas eram as teclas necessárias para controlar o personagem, os graus de dificuldade eram inexistentes. Como seria jogar Pac-Man ou Space Invaders em hard? Os inimigos deslocavam-se de uma forma mais rápida? Haveria um maior número de fantasmas a perseguir-nos num labirinto ainda mais complexo?
A verdade é que mesmo não havendo essa hipótese de escolha por parte do jogador, os respectivos títulos - ainda hoje - continuam a ser divertidos e o prazer de jogar consegue chegar a um ponto extremamente viciante. Mas, com a inserção de vários graus de dificuldade, a experiência que um jogador retira de um videojogo é extremamente ambígua. Aqui surge a principal dificuldade dos responsáveis pela concepção de um videojogo: o eterno conflito desafio vs. frustação. Para
Patrick Mount (2001) “os jogos devem fornecer um desafio, tendo em conta um certo grau de frustração necessário em determinados pontos estratégicos do jogo. Contudo, esta frustração terá que ser trabalhada cuidadosamente ao longo da sua concepção. Um jogo pode tornar-se de tal maneira frustrante que o jogador rapidamente fica desiludido com a sua experiência e simplesmente deixa de o jogar”.
Outro dia, experimentei jogar The Godfather (Electronic Arts, 2006). Para além de ser um título que exige bastante de um PC ao nível do seu hardware, considero um videojogo extremamente complicado, principalmente ao nível da sua jogabilidade. A panóplia de escolhas presentes na (re)definição das teclas foi um autêntico quebra-cabeças que me levou a perder largos minutos até que pudesse realmente jogar. A frustação aqui cresceu de uma forma exponencial em relação não só ao divertimento como também - e principalmente - em relação ao desafio inicialmente proposto. Para além das funções primárias como deslocar o boneco para a frente, para trás, esquerda e direita, existem também funções para todos os gostos. Murro com a mão esquerda, mão direita, três tipos de ataques rápidos, três tipos de ataques fortes, vários tipos de defesa, uma tecla para asfixiar os nossos adversários, condução de veículo entre muitas outras funcionalidades que neste momento já não me recordo. Talvez tenha chegado ao meu limite. Talvez este tipo de jogo já requer muito mais tempo, dedicação e sobretudo paciência para vencer esta frustação que tenho quando a única solução foi desinstalar o videojogo, sabendo que existem muitas crianças com 8 ou 10 anos que jogam e se divertem à grande com este título da EA...

Repararam que eu nem sequer cheguei a falar dos modos de dificuldade em The Godfather? Pois bem... é que a dificuldade, neste caso em concreto, acaba por ser bastante relativa!