sexta-feira, setembro 26, 2008

mirror's edge: uma nova forma de abordar o first-person



Mirror's Edge é o novo projecto da Electronic Arts - agendado para 14 de Novembro para as consolas Xbox 360 e PlayStation 3 e mais tarde para PC - que promete introduzir um conjunto de elementos novos a uma jogabilidade na perspectiva first-person. Se todos os títulos procuram essencialmente enaltecer experiências amplamente imersivas, Mirror's Edge assenta numa clara alusão a uma nova forma de abordar o sub-género de acção FPS.
Com um ritmo de acção verdadeiramente frenético, a turbulência visual devido aos rápidos movimentos da protagonista, irá obrigar o jogador a um esforço de concentração e coordenação bem mais activo e intenso. There's no looking back.

Fiquem com os dois filmes disponíveis que ilustram um pouco aquilo que Mirror's Edge irá oferecer aos jogadores:






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site oficial: www.mirrorsedge.com

sexta-feira, setembro 12, 2008

Freedom Fighters: mais do que uma análise, uma experiência!



Steven Johnson afirma que não tem qualquer dúvida “de que jogar os jogos que existem hoje em dia desenvolve de facto a inteligência visual e destreza manual”, referindo também que “as virtudes dos jogos vão muito além da coordenação mão-olho” (1). De facto, actualmente, a complexidade dos videojogos permitem ao jogador assimilar e acomodar um conjunto enorme de ideias, mensagens, valores e conhecimento. Segundo Laura Ermi e Frans Mäyrä “se quisermos entender a essência do videojogo, temos que entender o que acontece durante o acto de jogar bem como a experiência que o jogador adquire durante a jogabilidade” (2). É precisamente sobre esta ideia que gostaria de mencionar o título Freedom Fighters (IO Interactive, 2003). Apesar da sua notória linearidade, Freedom Fighters consegue na sua totalidade, reunir um conjunto de mensagens, imagens visuais e mentais, valores e discursos emocionais verdadeiramente notáveis.



Durante a 2ª Guerra Mundial, a União Soviética lançou uma bomba atómica em Berlim. Com o passar dos anos, o seu exército foi aumentando drasticamente, conseguindo invadir a Europa e os Estados Unidos da América sob as ordens de um tirano ditador. Propagandas políticas, ilusões deturpadas e uma realidade completamente alternativa fizeram de Freedom Fighters (IO Interactive, 2003) uma das grandes surpresas do ano. Freedom Fighters continua, ainda hoje, a ser um dos meus títulos de eleição, sobretudo pela alternativa fictícia que procura salientar. Ao contrário de Call of Duty 2 (Infinity Ward, 2005), que tenta simular uma experiência aproximada dos acontecimentos ocorridos entre 1941 e 1945, Freedom Fighters oferece aos jogadores uma simulação de algo que poderia ter acontecido, explorando à exaustão um evidente contra-mito de uma América destruída e fragilizada, não sendo capaz de ripostar de igual forma numa guerra amplamente desequilibrada.



O jogador controla Christopher Stone, um canalizador que se junta a uma organização de resistentes que luta pela liberdade. À medida que o jogo vai avançando, Stone torna-se também num dos líderes da resistência e o jogador vai aprendendo a dar ordens durante os combates, prevalecendo um pensamento estratégico constantemente mutável consoante as suas decisões. O principal objectivo consiste em derrubar a organização Soviética, dar força a uma América desacreditada em si própria e levantar novamente a sua moral como uma das maiores potências mundiais. As conotações inerentes ao patriotismo evidenciam mensagens emocionais de valores culturais racionalizados nos discursos de Christopher Stone ao povo norte-americano, transportando inevitavelmente para o jogador a mesma vontade de (re)construir digitalmente a tão desejada utopia do “Sonho Americano”.





Freedom Fighters, é um videojogo com uma fortíssima vertente comunicativa e semioticamente muito poderoso. O seu constante confronto entre o mito de uma América indestrutível e o contra-mito de uma América caótica, oprimida e devastada encontra-se claramente subentendido em plano de fundo, como cenário montado a uma guerra interna entre um sistema governamental opressor e a vontade de um grupo de resistentes em quebrar as suas leis, numa procura incessante de uma América finalmente livre.

Sim, jogar videojogos é muito mais do que carregar em botões...

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(1) JOHNSON, Steven (2006), Tudo o Que é Mau Faz Bem, Porto, Edições ASA, p. 33.
(2) ERMI, Laura e MÄYRÄ, Frans (2005)
“Fundamental Components of the Gameplay Experience: Analysing Immersion”, pp. 1-2.