sexta-feira, abril 13, 2007

o game designer que há em nós



Actualmente, a NDS é, sem dúvida, uma das consolas portáteis mais interessantes, acompanhada por conceitos inovadores e por um sistema de jogabilidade que merece neste artigo alguma reflexão.
Dos poucos títulos que experimentei, Pac-Pix foi aquele que me despertou maior curiosidade pois apostou no clássico Pac-Man, introduzindo uma diversidade significativa de ferramentas disponíveis ao jogador. Neste título, a metáfora surge como a figura de retórica predominante na forma como opera através da transposição de valores entre dois planos de realidade distintos. Com a “caneta” (stylus) da consola em contacto com o touch-screen, interage-se nas “páginas” brancas apresentadas no pequeno ecrã, onde se goza de um espaço que, apesar de circunscrito aos seus limites, fornece total liberdade ao jogador para desenhar o seu personagem. Pequeno ou grande, as suas características irão depender da sua dimensão, isto é, quanto maior for o desenho, menor será a velocidade da sua animação. Para além de Pac-Man, é possível ilustrar outro tipo de significantes associados ao “mapa” do jogo, como riscos (a funcionar metaforicamente de paredes), setas, bombas, entre outros, de forma a superar os vários desafios propostos e progredir ao longo dos níveis.
Em Pac-Pix, o design implementado na sua estética participativa através do complexo sistema de algoritmos, convida constantemente o jogador a ilustrar e a complementar a sua totalidade significativa, assumindo, claramente, a sua quota parte na “produção” do respectivo resultado final.

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Artigo publicado na revista Mega Score n.º 138 (Março, 2007), p. 10.
Próximo artigo intitulado "Realidades Wiirtuais" na Mega Score nº 139 (Abril, 2007) já nas bancas.