quarta-feira, abril 18, 2007

narrativas imaginárias numa experiência lúdica



O objecto era simples: com num baralho de cartas construír a maior pirâmide possível, tendo apenas a minha habilidade, paciência e processo de respiração como os principais factores decisivos ao meu desempenho.
A dicotomia recompensa/frustração devia ser vista como o grande desafio proposto por esta experiência que pretendia, acima de tudo, demonstrar um carácter lúdico ao longo de toda a sua totalidade. Enquanto eu, como jogador, interagia com os elementos presentes no jogo, um outro olhar exterior ia capturando fragmentos soltos de uma realidade criada e constantemente moldada por mim.
No final todas as fotografias do meu desempenho foram recortadas na mesma dimensão, como peças de um puzzle que serviam para dar a uma outra pessoa que não tivesse assistido a esta actividade e que, através dos signos icónicos disponíveis, tentasse (re)construír uma narrativa linear que fizesse o mínimo de sentido, isto é, com princípio, meio e fim. Os múltiplos resultados foram incríveis e ainda hoje se torna possível contar inúmeras narrativas, sabendo à partida que a história de fundo é sempre a mesma.
Este é o poder da narrativa: a sua flexibilidade perante um processo de escolhas que é bem mais complexo do que inicialmente se possa imaginar...