sexta-feira, novembro 10, 2006

mais escolhas, diferentes finais, maior autoria



Seja qual for o videojogo, a jogabilidade é sempre um dos conceitos mais importantes e aquele que deve ou deveria reunir maior preocupação ao longo de toda a sua concepção. O jogador é cada vez mais exigente, e é essa exigência que tem proporcionado descobertas constantes e um desenvolvimento mais rico e interessante no panorama dos videojogos. Carregar nos botões no tempo certo já não satisfaz por completo a experiência do jogador, já não constitui um desafio tão aliciante...
Ultimamente tenho experimentado diversos títulos (mais recentes) e noto que o poder de escolha é bem mais significativo, o que vem, por vezes, influenciar não só a nossa forma de jogar, como também - e fundamentalmente - alterar a história em si. Poderia aqui dar inúmeros exemplos, mas o que mais me surpreendeu foi o título
The Suffering (Surreal, 2004). Neste videojogo de terror, controlámos Torque, um recluso condenado à morte por um crime horrendo que supostamente não cometeu, pois Torque reclama inocência apesar de sofrer de amnésia, o que acaba por não reverter muito a seu favor. Subitamente, o complexo sistema prisional é atacado por demónios e cabe ao jogador controlar Torque, sobreviver e descobrir uma possível resposta que preencha as lacunas da sua vida mais recente. E é esta mesma resposta o verdadeiro aliciante para o desenrolar da narrativa, que irá sofrer as devidas alterações consoante as escolhas que o jogador efectue ao longo da sua jogabilidade. O tipo de escolha poderá passar, por exemplo, por ajudar um guarda prisional na luta contra os demónios ou simplesmente assistir passivamente à sua morte. A nossa decisão terá, inevitavelmente, influência na sentença final aplicada a Torque.
Apesar da clara limitação a três finais distintos, agrada-me a ideia de ver cada vez mais títulos a enveredar por este tipo de estratégia, pois se daqui a poucos anos pudermos ter trinta ou cinquenta finais distintos, a longevidade e a experiência de jogo que o jogador irá adquirir, será proporcional ao seu poder de escolha, constituindo-se num verdadeiro apelo à sua constante decisão no desenrolar da narrativa e, principalmente, no termo da história, reforçando ainda mais a sua autoria ao longo da obra...