quarta-feira, novembro 10, 2010

the unfair platformer, brilhante!



Na obra Game Design - Second Edition, Bob Bates deixa um alerta aos responsáveis pela produção de videojogos, com especial foco para os game designers: “Tu não és o adversário do jogador. O teu trabalho consiste em ajudá-lo a gostar do jogo que criaste. É fácil perder esta ideia de vista, especialmente quando muitas das tuas tarefas envolve desafiar o jogador a encontrar aquele delicado equilíbrio entre frustração e prazer” (2004: 32). Com esta mensagem, Bob Bates procura sensibilizar os game designers para o facto das suas criações finais serem alvo de múltiplas abordagens por parte de uma variedade enorme jogadores que procuram acumular novas aprendizagens e experiências nas suas jogabilidades. É precisamente devido a este aspecto que se torna interessante mencionar neste artigo The Unfair Platformer, criado pela Eggy e disponível na Internet desde Janeiro de 2008.


“Who said platform games had to be nice and fair? Time for a little change.”






The Unfair Platformer é brilhante na forma como consegue quebrar todos os princípios e regras básicas do design de um jogo de plataformas. O jogador terá que controlar o personagem ao longo de vários níveis repletos de armadilhas não visíveis ou deturpadas por indicações presentes nos diversos cenários do videojogo. O seu principal objectivo é, pois, o de criar uma experiência diferente, frustrante e irritante, reforçada pela melodia em loop que acompanha toda a jogabilidade num constante apelo à paciência do jogador mais persistente. Existe uma clara intenção em mostrar o quanto frustrante pode ser um simples videojogo de plataformas, contrariando por completo a ideia de Bob Bates, e de gozar com qualquer jogador, transformando os seus processos de tentativa-erro em actos de desespero e de permanente inquietação. Pode parecer estranho mas é precisamente isso que o torna divertido.

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The Unfair Platformer (Eggy, 2008), pode ser jogado aqui.